Sunday, August 27, 2006

3 Irmãos-Antologia em ebooksbrasil.org


3 Irmãos - Antologia - Gióia Júnior - Joanyr de Oliveira - J. T. Parreira - Sammis Reachers (org)© 2006 - Sammis Reachers (org) "Antologia, reunindo poemas de três dos maiores poetas evangélicos em língua portuguesa, os brasileiros Gióia Júnior e Joanyr de Oliveira, e o lusitano J. T. Parreira. No objetivo maior de glorificar a Deus, e de divulgar de uma forma mais efetiva e franca o melhor da poesia evangélica em nossa língua, vem a lume esta breve antologia, englobando 3 de nossos mais consagrados poetas." - Sammis Reachers, organizador - Poeta, autor de Uma Abertura na Noite (Poesia Evangélica). pdf

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http://www.ebooksbrasil.org/nacionais/index.html#antologiaevangelica

Friday, August 18, 2006

Dos touros de Lascaux ao cavalo de Guernica

Dos touros rupestres de Lascaux, com a sua semiologia, ao cavalo germinal e ao touro tutelar da Guernica, de Picasso, a distância é longa, de facto, e seria de anos-luz se estivéssemos a tratar meios comunicacionais entre galáxias diferentes. A verdade é que essa comunicação apresenta-se com sinais da mesma entidade, o ser humano, que comunica entre si num mesmo lugar que é a Terra.

Com efeito, estamos diante dos sinais do homem, desde as grutas de Lascaux, onde a riqueza dos signos convoca o estudo dos mesmos pela semiótica, até ao Centro de Arte Reina Sofia, onde a Guernica continua a fazer recuperar uma história trágica da Espanha e dos seus povos, história contemporânea e viva ainda em inúmeras memórias septagenárias.

Os contemporâneos de Lascaux, como quaisquer outros habitantes de cavernas do Paleolítico, conheciam o que hoje modernamente se pretende ignorar: a distinção dos géneros, do masculino e do feminino, eles não trocavam nem promíscuiam a beleza da humanidade composta de mulher e homem. O seu conceito de família era rigoroso, os meios usados para a procriação estavam bem definidos e bem representados, com a precisão simbólica que a capacidade artística para o desenho na pedra permitia. O símbolo fálico do homem e os símbolos ovais para representar a mulher não se misturavam nas paredes das cavernas. Seria uma arte da animalidade, como se lhe chamou, mas a sua leitura semiológica - a interpretação dos sinais - nesses desenhos eram o símbolo do homem e da mulher, do pai e da mãe, eram a representação do núcleo fundamental que é a família.

Os impedimentos para a depravação entre homens e mulheres estavam até graficamente delimitados, a viagem intergaláctica de Sodoma para Roma, através de muitos séculos de maus costumes, não está documentada graficamente como um historial de sentimentos reprováveis e sórdidos. O que a chamada arte parietal, as gravuras nas paredes das cavernas, distinguia, o macho e a fêmea nos seus devidos lugares, milénios depois viria a ser normativo na Bíblia Sagrada. Designadamente nas Cartas de Paulo - a Epístola aos Romanos - onde as paixões infames, a mudança do modo natural das relações íntimas, as inflamações da sensualidade orientadas para o mesmo sexo, são identificadas pelo apóstolo já numa cultura a meio-caminho entre o clássico e a modernidade, comparativamente à época pré-histórica.

Com efeito, Paulo impreca os não-crentes, os ímpios, que supondo serem sábios, com cultura, enveredaram por descaminhos de perversão, sobretudo sexual, contra a própria natureza da intimidade humana, na relação homem-mulher. Sob a luz que ilumina o modo como o homem se perverteu e desviou da correcta adoração a Deus, submetem-se também os desvios dos instintos correctos com os quais o ser humano foi dotado. Alguém escreveu, em comentário de Bíblia de Estudo, que «O efeito da perversão da adoração instintiva a Deus é a perversão de outros instintos, que se afastam de suas funções apropriadas. As Escrituras encaram todos os actos homossexuais sob essa luz. A consequência é a degradação do corpo.» A desintegração daquilo que é verdadeiramente «natural», parecendo ser um produto da cultura e das sociedades urbanas, altamente desinibidas na contemporaneidade, é, portanto, fruto do desvio do homem em relação a Deus.

Thursday, August 17, 2006

Um rio chamado tristeza



Na margem sentado, molho os pés
na tristeza

as águas turvam
o meu reflexo

-eu estampado
na seda das águas? recolho,
com o copo
das mãos,

a espuma
do meu rosto.

Tuesday, August 15, 2006

A Última Ceia sem Código da Vinci

"Sophie estava a olhar para o mais famoso fresco de todos os tempos, A Última Ceia, a lendária pintura que da Vinci executara na parede de Santa Marie delle Grazie".
Assim, com um facto conceptual e uma verdade histórica, a narração de Dan Brown, em O Código da Vinci, todavia conduz o leitor para uma deturpação a-histórica da pintura mais reproduzida e cuja temática obtém a maior consensualidade na História da Arte.
Sophie, "que examina ansiosamente a ilustração", pergunta: -"Este fresco diz-nos o que o Graal realmente é?"
-"Não o que é - sussurrou Teabing-, mas antes quem é. O Santo Graal não é uma coisa. É, na realidade... uma pessoa." (Págs. 284/5)
Deste modo, Dan Brown, já na segunda metade do livro, continua a conduzir através da recuperação de uma proposta gnóstica, esotérica e ocultista, o leitor do seu romance dito histórico.
O objectivo é a conclusão que define "historicamente" ser essa pessoa uma mulher, a Maria Madalena e não o apóstolo João, como séculos de hermenêutico olhar e de estudos sobre a Estética têm ensinado à arte e à cultura, corroborando assim a própria historiografia do Cristianismo.
Depois de tentar falsificar a história do Concílio de Niceia, fazendo a extrapolação de textos fidedignos como o Vetus Synodicon que narra todos os passos das discussões dos primeiros Concílios da Igreja até ao ano 887 a.D; de "banir" os Quatro Evangelhos, por alegados preconceitos machistas e deixar entrever que a sua objectividade está apenas na manutenção do poder masculino da Igreja e não na Boa Nova; e depois de desejar, como contrapartida, que oitenta evangelhos designadamente os gnósticos mais conhecidos fossem mesmo canonizados, Dan Brown decidiu, de um mesmo passo no seu romance, falsificar literariamente a pintura mural A Última Ceia.
A metodologia para falsificar a pintura parte do próprio núcleo da mesma e conduz ao sagrado feminino, ao engenhar uma hermenêutica espúria sobre as duas figuras do centro, como elementos da composição: Jesus Cristo e o apóstolo João ("Maria Madalena", para o prof.Teabing).
Ao pretender desmitologizar o que no grande retrato da Última Ceia é um conteúdo evangélico – o anúncio da traição feito por Jesus à mesa do Cenáculo -, Dan Brown exerce a contradição em O Código da Vinci, através de uma mitologização maior e blasfema da vida histórica de Jesus, ao pretender fazê-lO simples homem mortal que "pôde" casar e ter descendentes, criando assim um mito.
Do ponto de vista da crítica de arte mundial, que tem sido exercida com erudição sobre esse quadro do maior pintor da Renascença, a unanimidade em torno das figuras da Última Ceia assenta em exclusivo nas de Cristo e Judas, consideradas bíblica e conceptualmente as figuras centrais.
E foi assim que o Leonardo da Vinci as interpretou, tornando-as elementos-chave da grande composição.
Perante o quadro a nossa reacção sincera, com honestidade intelectual e algum conhecimento religioso, só pode pautar-se pela verdade histórica, que da Vinci representou como o drama sagrado do Cenáculo, a resposta dos Doze à profecia de Jesus: "Um de vós me trairá".
Com efeito, a Última Ceia é um documento onde se pode apreciar o estado moral de uma pequena comunidade, a qual tomada de um plano geral valorizado pelo sfumato ( sombreado) quase atmosférico, nos revela os desfalecimentos, as resignações, os espantos, acima de tudo o recuo evidente da figura de rosto sombrio de Judas Iscariotes, que se esconde na sombra.
Impressionante em múltiplos aspectos, este fresco pintado nas paredes de um refeitório de padres dominicanos, em Milão, entre 1495 e 1497, identifica Judas Iscariotes por três pormenores; dois estão ligados à sua personalidade: o não estar na luz, afastado que está do centro estabilizador de todo o tumulto emocional ( a figura de Cristo), e a forma adunca da sua mão esquerda, como se fora uma ave de rapina; o outro pormenor, é da ordem da estética e da referência cultural. A figura de Judas terá tomado por modelo o controverso padre reformador Savonarola.
Seja como for que se aprecie a pintura que está no Convento delle Grazie, segundo as perspectivas do Renascimento sobre a luz, a anatomia, a psicologia do gesto e da expressão, não podemos deixar de a analisar também pelo mistério, pela intensidade dramática, pelo momento bíblico e histórico que a motivou, nunca porém atribuindo-lhe "valores" ocultistas ou uma qualquer codificação secreta absurda.

Monday, August 07, 2006

Poema: Mulher com Cântaro

Para onde vai essa mulher com o sol
dentro do cântaro
sobre os cabelos, o silêncio

vão devagar
as sandálias, devagar
os pensamentos

em cinza a cor rósea
dos pés, o poço
espera desde o fundo

das águas ancestrais
Para onde
vai essa mulher?

Com amor avança
abrindo no ar
os raios solares.

Saturday, August 05, 2006

Joanyr de Oliveira e um jovem poeta, em 1974

No Mensageiro da Paz, do Rio, Joanyr de Oliveira
dava nota crítica favorável ao primeiro livro, Este Rosto do Exílio,
de um jovem poeta evangélico português, foi há 32 anos.
No final do texto dizia: «trata-se do ponto culminante da poesia
evangélica em língua portuguesa.»

Wednesday, August 02, 2006

Poema: As redes tristes

Chamaram dos ramos do mar
os pássaros marítimos
chamaram do fundo
do volumoso silêncio
os peixes, como se fossem
os olhos da noite
Chamou uma sereia de vento e sal
E dos dedos dos pescadores
as redes tristes
saltaram com setas.