Tuesday, May 20, 2014

BANCOS VAZIOS



Em cada fila de bancos vazios, houve cultos
vazios
há histórias do passado, grandes momentos do coração
raramente
os bancos desabitados
ouvem certezas inabaláveis, muitas
palavras ditas ainda a  tempo.
Escondem-se nas cinzas os lumes antigos.

Em cada espaço que um corpo ocupou
há o lugar da solidão,  Deus vê
as lágrimas que caíram um dia
os olhos de Deus, que amam demoradamente
tocam os lugares, mesmo sem ninguém
procuram o homem.

20-05-2014
©

Sunday, May 04, 2014

EPODO AO SALMO 139


a J.T.Parreira, com amizade, solidariedade poética e votos de saúde


Alguém lá em cima gosta de mim
alguém lá em cima tem colo de ouro
e braços de estrelas
para os meus cansaços

posso estar no chão e os meus pés
pisarem os céus e os ínferos dos mortos
pode não sobrar de mim mais do que
a voz que grita a ocidente e a oriente
e Alguém aí está e gosta de mim

posso não ter mais do que algas podres
em vez de mãos um seixo túrgido
em vez de uma canção que se atira
contra os tremores de ventos e marés

que claro e imperceptível é
que, ao mostrar-se treva luz,
Alguém gosta de mim

Rui Miguel Duarte
03/05/14