Thursday, April 16, 2015

A MEDIDA





Não existe medida para o desespero...
Não existe maior ou menor,
Mais ou menos denso,
Mais ou menos acutilante.
Simplesmente, desespero...
Exalo o fôlego do último respirar
Que me adormece o corpo finalmente.
E quando inclino a minha cabeça,
Entrego nas Tuas mãos o meu ser.
Vejo toda uma obra consumada,
Todo um desespero esmagado,
O sufoco do pecado que os constrange foi desfeito!
Não doem mais os cravos, nem a coroa de espinhos me perturba.
Os risos de escárnio soam como as melodias do Céu,
Porque sei que esmagada está a víbora que me mordeu o calcanhar.
E o que lhes deixei, o que lhes deixo, o que lhes vou enviar,
Faço por causa do nosso amor por eles.
Não existe medida para o amor...
Não existe maior ou menor,
Mais ou menos denso,
Mais ou menos acutilante.
Simplesmente, ama-mo-los.

14/04/2015
© Ricardo Mendes Rosa


Thursday, April 02, 2015

DOIS POEMAS DO CICLO DA PAIXÃO









PILATOS DIRIGE-SE AOS JUDEUS - IV


Eis o homem
que chegou aqui pelo valor mais baixo
que às vezes tem o beijo, o da traição
Este que chegou a golpes de chicote pelo corpo
e pelas faces em silêncio que oferecia
às bofetadas. Este que chegou aqui 
pelo crime de ser Deus
com uma cruz difícil sobre as costas.

02-04-2015
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SALMO XXII NA CRUZ -III

“Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”

Salmo 22, 1


Coroado de sangue sem nada neste mundo
nenhum lugar agora é meu, reino
ou casa chamada de oração, nenhuma Nazaré
que amei e não me amou, agora
nem este monte do Calvário me pertence
a Cruz é a minha pátria, deixo cair sobre mim
toda a Humanidade.

01-04-2015
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